Manifesto
Que é que se passa aqui?
Vivemos numa cidade que se afoga em
contradições. Enquanto certas pessoas ficam sem casa onde viver,
Barcelona tem mais de oitenta mil casas vazias; enquanto há gente que
passa fome, em Barcelona desperdiça-se um terço dos alimentos
produzidos; enquanto que o ar que respiramos é cada vez é mais sujo e
irrespirável, em Barcelona não se fazem parques nem espaços verdes, mas
sim placas de cimento; enquanto que os colectivos de bairro dificilmente
dispõem de espaços de encontro, Barcelona e em concreto o nosso bairro,
o Eixample, está cheio de locais vazios e abandonados. Como o espaço da
rua Urgell 98, que ultimamente se encontrava em desuso.
Vivemos num bairro onde ninguém se conhece, feito e desenhado para separar as pessoas em vez de uni-las,
um bairro separado pelo asfalto e pelos carros, feito intencionalmente
para gerar individualismo e desconfiança, impedir o tecido social da
vizinhança em se desenvolver e isolar as pessoas nas suas próprias
casas. Um bairro onde o espaço público já não é público, senão apenas
uma mera zona de passagem como o corredor de um aeroporto, um bairro que
não nos acolhe e que, em vez disso, nos abandona na nuvem do anonimato e
nos torna mais vulneráveis, tristes.
Por tudo isso, e muito mais, as pessoas consideram que já chega. É desta reflexão que nasce o Ateneu l’Entrebanc.
O que é o Ateneu l’Entrebanc?
O Ateneu l’Entrebanc concebe-se como um
espaço social, cultural e político dirigido à luta dos vizinhos.
Trata-se de um ponto de encontro de vizinhas e vizinhos, movimentos
sociais, associações, cooperativas e assembleias diversas que queiram
participar. Neste sentido, é um espaço aberto e inclusivo, onde cabem
todo o tipo de sensibilidades, actividades, ideologias e idades, sendo a
horizontalidade e a autogestão a base que nos reúne.
O objectivo é criar uma rede de
vizinhança e alimentar as redes de ajuda mútua. Simultaneamente, quer-se
dar espaço às iniciativas que nos motivam e inquietam
enquanto vizinhos. Seguindo este rumo, o Ateneu não será um bar ou uma
casa de habitação, mas sim um local de encontro da luta social, com as
suas vertentes organizativas, didácticas e lúdicas. A forma e os
conteúdos serão construidos de forma colectiva, para satisfazer as
nossas necessidades de forma popular, buscando alternativas baseadas nas
pessoas e no respeito pela natureza.
Porquê um banco?
Desde que começou a crise, há quase seis anos atrás, o estado espanhol distribuiu 21.000 milhões de euros sem garantias a diferentes entidades bancárias.
Essas mesmas entidades que provocaram a crise e continuam a promover a
miséria social que nos rodeia e que se agrava todos os dias. Destes
milhares de euros públicos, o Banco Mare Nostrum, um conglomerado de
bancos em bancarrota e proprietário de Urgell 98, recebeu 915 milhões de
euros, o que representa 4,3% do total. Entretanto, neste mesmo período
foram cortados 7.000 milhões de euros no sector da saúde e 3.000 milhões
de euros no sector educativo. Contudo, alguns diziam que não havia
dinheiro, que vivíamos acima das nossas possibilidades.
Quando o Estado não resolve os problemas dos cidadãos e, muito pelo contrário, prejudica-nos para favorecer os bancos, a única opção é actuar para mudar a nossa realidade enquanto seres humanos. É por isso que a expropriação bancária pode ser-nos útil para devolver ao povo aquilo que é dele. Um espaço abandonado por um banco que recebeu dinheiro público só pode ser concebido como um espaço público ao alcance de toda a gente. Um espaço recuperado, para nos libertarmos da escravidão do capitalismo e nos auto-organizarmos. Um espaço social, um ponto de encontro neste bairro tão dividido e solitário. É por este motivo que este espaço deve ser gerido e aproveitado por todos e todas
Quando o Estado não resolve os problemas dos cidadãos e, muito pelo contrário, prejudica-nos para favorecer os bancos, a única opção é actuar para mudar a nossa realidade enquanto seres humanos. É por isso que a expropriação bancária pode ser-nos útil para devolver ao povo aquilo que é dele. Um espaço abandonado por um banco que recebeu dinheiro público só pode ser concebido como um espaço público ao alcance de toda a gente. Um espaço recuperado, para nos libertarmos da escravidão do capitalismo e nos auto-organizarmos. Um espaço social, um ponto de encontro neste bairro tão dividido e solitário. É por este motivo que este espaço deve ser gerido e aproveitado por todos e todas
.Como funciona o espaço?
Dado que se trata de um espaço aberto, a
sua gestão será feita pelas pessoas enquanto tal. Se tiveres qualquer
dúvida, pergunta a alguém que já participe há mais tempo. As diversas
explicações, necessidades e tarefas por fazer estão afixadas nas paredes
do Ateneu.
Toda a gente pode fazer as tarefas que
mais lhe agradem e colaborar nas actividades que preferir. O único que
se pede em troca é que tu dês aquilo que pretendes receber. Se toda a
gente participar nas actividades, na elaboração das mesmas e na gestão
do espaço, o dinamismo do Ateneu está assegurado. As decisões são tomadas em Assembleia às terças-feiras às 20h e quem quiser pode assistir.
Dado que consideramos que a economia
deverá estar ao serviço das pessoas e não o contrário, como acontece
agora, tentaremos funcionar sem dinheiro na medida do possível. Apesar
de tudo, há materiais que não podemos produzir nem obter através da
troca e portanto, nalgumas situações, a solidariedade económica poderá
ajudar alguns projectos a ganharem vida.
O local estará aberto de segunda a sexta-feira, das 18h às 21h, ampliando-se o horário em função da disponibilidade das pessoas e colectivos,
ou para realizar actividades extra-ordinárias. Desta forma, se o
projecto vos interessar podem vir fazer uma visita, consultar a página
web ou enviar um mail.
Bem vindos e até sempre!
Ateneu L’Entrebanc
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