quinta-feira, 3 de abril de 2014

( Istambul, Turquia ) “A voz das vossas ruas" .Tentativa de uma Nova OIkupa.




 Em 1903 nasci de pedra e madeira. Sou um produto da mente e do esforço humanos.
 Já passei por muitas coisas.
Esforços de operários, os seus filhos na lufa e as risadas de crianças, as leituras dxs professorxs… Depois da vossa deserção, as minhas paredes ficaram húmidas e os meus telhados a gotejar…
Períodos houve em vocês me abandonaram e romperam os laços que alguma vez tínham formado comigo. Com o tempo, também quebraram os ligações entre todxs nós. A cada dia que passa, uma nova barreira surge entre nós. Têm-nos rodeado de cercas.
Mantêm-nos presos. Porquê?
Porque vocês separaram-se uns dxs outrxs. Caíram na dúvida e no medo. Alguns e algumas de vocês têm-se alimentado de tudo isto, fazendo jogos à nossa custa. Eram pessoas egoístas e estavam infectadas com a doença de querer sempre mais.
Durante os 40 anos que vocês estiveram ausentes assisti ao crescimento das plantas no jardim e às vidas dos ratos, aranhas, lagartixas, pássaros e gatos.
Recentemente, tenho notado que começaram-se a formar, de novo, vínculos entre vós. Superaram os vossxs medos, estando certxs em relação às vossas dúvidas.
Ouvi o predio Taşkışla contar a história do que aconteceu, ali na sepultura do falecido Quartel de Artilharia, no Parque Gezi.
Vocês têm sido muito ruidosxs. As vossas vozes ressoaram nos meus quartos, aqueles a que podem chamar vazios. A voz das vossas ruas. Eu consegui ouvi-la.
Estou ciente de que precisam de nós para desenvolver os laços que têm vindo a forjar entre vós. Nós também precisamos de vós para continuar em pé.
Agora, o vosso passado e o nosso conetaram-nos de novo.
É a hora, tanto para vós como para nós, de acordar.
Estou feliz de os ter incitado a isso. Bemvindxs.
ÖOA (Espaço Comum e Livre)

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