segunda-feira, 14 de abril de 2014

( Mexico ) Declaração de Solidariedade com a okupa Che Guevara

O caminho da autonomia não é fácil, mas o caminhamos firmes e convencidos de que é o caminho correto até um horizonte de liberdade.
 
Há 14 anos que existe no sul da cidade do México um espaço de resistência, de construção da autonomia. O auditório Che Guevara tem sido desde sua retomada pelo movimento estudantil, em março de 2000, um espaço onde as utopias encontram seu lugar.
Apesar da tentativa das autoridades universitárias em desmantelá-lo, depois da tomada militar da PFP do campus universitário em fevereiro de 2000, o auditório se encontrava sem poltronas, o equipamento de áudio danificado, assim como as instalações de luz e água, etc., o trabalho de estudantes e grupos organizados conseguiram recuperar o auditório. E desde esse momento já havia anarquistas trabalhando na manutenção.
Nestes 14 anos, muitas têm sido as pessoas que participaram no auditório; não é nossa intenção fazer um detalhado relatório das variadas atividades que se desenvolveram no espaço. Só diremos que estes 14 anos de okupação têm demonstrado que, através da organização autônoma, é possível construir e manter projetos.
Durante todos estes anos, autoridades de vários níveis tentaram sabotar o trabalho que se desenvolve no Auditório, desde a direção da Faculdade de Filosofia e Letras até o Governo da Cidade do México, sem deixar de mencionar a Reitoria da UNAM; entretanto, as e os companheiros que têm mantido o Auditório, resistiram.
O auditório sempre esteve aberto para seu uso pelos diversos grupos e organizações do movimento estudantil e social, assim como para a comunidade estudantil em geral, razão pela qual não houve impedimento algum para que a Brigada Multidisciplinar iniciasse a realização de atividades no local há quatro anos, entretanto, este grupo pouco a pouco começou a mostrar seu verdadeiro rosto e interesse, pois no verão do ano passado fechou acessos ao foro central do Auditório – de maneira que essa parte ficou unicamente para uso deles e de seus chegados. Assim, se alguém (ou grupo) quisesse usar o espaço central do Auditório, teria que pedir autorização da Brigada, que de maneira autoritária negava o espaço a quem eles quisessem. Caso concreto foi a negativa da Brigada em facilitar o espaço para a realização de foros para difundir a situação de Mario González durante sua primeira detenção.
É por essa razão que em dezembro passado, coletivos e indivíduos libertários decidiram reabrir o espaço do foro central e recuperá-lo para seu uso livre. Entretanto, a Brigada e seus grupos aliados perpetraram em 3 de março um novo ataque ao trabalho autônomo do Auditório. Armados com paus, escudos, armas de descargas elétricas e uma atiradeira e encapuzados, imobilizaram aos compas que se encontravam de guarda, torturando-lhes e tirando-os do Auditório. Os que torturaram os okupantes do Auditório tentaram apresentar sua ação como uma recuperação do espaço das mãos de vagabundos e meliantes, argumentando que se distribui drogas no espaço. Não perderemos o tempo esclarecendo estas calúnias, quem conhece o trabalho que se desenvolve no espaço sabe perfeitamente que é mentira, e a quem não o conhece, os convidamos a fazê-lo, aproxime-se do espaço, pois graças à solidariedade de muitas e muitos essa mesma tarde o Auditório foi recuperado.
Expressamos nossa mais profunda solidariedade ao Auditório Che Guevara, seus okupantes e toda pessoa que desenvolva trabalho nele. Sem dúvida, os que covardemente agrediram e torturaram em 3 de março continuarão sua campanha de ataques, mostra disso são os incontáveis comunicados que circulam pela internet, agora inclusive assinalando a companheiros e coletivos solidários, como é o caso da Biblioteca Maria Luisa Marian. Também estamos certos que tentarão agredir de novo, mas agora sabem que o Auditório NÃO ESTÁ SÓ!, que conta com a solidariedade de muitos e muitas, de organizações e coletivos, que estamos convencidos que andar o caminho da livre organização, da autonomia, da horizontalidade, da autogestão, não é fácil mas que é o caminho correto para terminar com as relações de dominação e exploração e construir novos horizontes, uns mais livres, sem chefes, nem amos, sem dogmas nem exclusões.
Denunciamos também as tentativas da Reitoria para utilizar os fatos suscitados em 3 de março para justificar uma possível ação repressiva contra o Auditório e seus okupantes.
Solidariedade total com a Okupação do Auditório Che Guevara!
Autonomia, autogestão, ação direta para a liberação!
Liberdade a todos e todas!
Cruz Negra Anarquista México

Nenhum comentário:

Postar um comentário