O caminho da autonomia não é fácil, mas o caminhamos firmes e
convencidos de que é o caminho correto até um horizonte de liberdade.
Há 14 anos que existe no sul da cidade do México um espaço de
resistência, de construção da autonomia. O auditório Che Guevara tem
sido desde sua retomada pelo movimento estudantil, em março de 2000, um
espaço onde as utopias encontram seu lugar.
Apesar da tentativa das autoridades universitárias em desmantelá-lo,
depois da tomada militar da PFP do campus universitário em fevereiro de
2000, o auditório se encontrava sem poltronas, o equipamento de áudio
danificado, assim como as instalações de luz e água, etc., o trabalho de
estudantes e grupos organizados conseguiram recuperar o auditório. E
desde esse momento já havia anarquistas trabalhando na manutenção.
Nestes 14 anos, muitas têm sido as pessoas que participaram no
auditório; não é nossa intenção fazer um detalhado relatório das
variadas atividades que se desenvolveram no espaço. Só diremos que estes
14 anos de okupação têm demonstrado que, através da organização
autônoma, é possível construir e manter projetos.
Durante todos estes anos, autoridades de vários níveis tentaram
sabotar o trabalho que se desenvolve no Auditório, desde a direção da
Faculdade de Filosofia e Letras até o Governo da Cidade do México, sem
deixar de mencionar a Reitoria da UNAM; entretanto, as e os companheiros
que têm mantido o Auditório, resistiram.
O auditório sempre esteve aberto para seu uso pelos diversos grupos e
organizações do movimento estudantil e social, assim como para a
comunidade estudantil em geral, razão pela qual não houve impedimento
algum para que a Brigada Multidisciplinar iniciasse a realização de
atividades no local há quatro anos, entretanto, este grupo pouco a pouco
começou a mostrar seu verdadeiro rosto e interesse, pois no verão do
ano passado fechou acessos ao foro central do Auditório – de maneira que
essa parte ficou unicamente para uso deles e de seus chegados. Assim,
se alguém (ou grupo) quisesse usar o espaço central do Auditório, teria
que pedir autorização da Brigada, que de maneira autoritária negava o
espaço a quem eles quisessem. Caso concreto foi a negativa da Brigada em
facilitar o espaço para a realização de foros para difundir a situação
de Mario González durante sua primeira detenção.
É por essa razão que em dezembro passado, coletivos e indivíduos
libertários decidiram reabrir o espaço do foro central e recuperá-lo
para seu uso livre. Entretanto, a Brigada e seus grupos aliados
perpetraram em 3 de março um novo ataque ao trabalho autônomo do
Auditório. Armados com paus, escudos, armas de descargas elétricas e uma
atiradeira e encapuzados, imobilizaram aos compas que se encontravam de
guarda, torturando-lhes e tirando-os do Auditório. Os que torturaram os
okupantes do Auditório tentaram apresentar sua ação como uma
recuperação do espaço das mãos de vagabundos e meliantes, argumentando
que se distribui drogas no espaço. Não perderemos o tempo esclarecendo
estas calúnias, quem conhece o trabalho que se desenvolve no espaço sabe
perfeitamente que é mentira, e a quem não o conhece, os convidamos a
fazê-lo, aproxime-se do espaço, pois graças à solidariedade de muitas e
muitos essa mesma tarde o Auditório foi recuperado.
Expressamos nossa mais profunda solidariedade ao Auditório Che
Guevara, seus okupantes e toda pessoa que desenvolva trabalho nele. Sem
dúvida, os que covardemente agrediram e torturaram em 3 de março
continuarão sua campanha de ataques, mostra disso são os incontáveis
comunicados que circulam pela internet, agora inclusive assinalando a
companheiros e coletivos solidários, como é o caso da Biblioteca Maria
Luisa Marian. Também estamos certos que tentarão agredir de novo, mas
agora sabem que o Auditório NÃO ESTÁ SÓ!, que conta com a solidariedade
de muitos e muitas, de organizações e coletivos, que estamos convencidos
que andar o caminho da livre organização, da autonomia, da
horizontalidade, da autogestão, não é fácil mas que é o caminho correto
para terminar com as relações de dominação e exploração e construir
novos horizontes, uns mais livres, sem chefes, nem amos, sem dogmas nem
exclusões.
Denunciamos também as tentativas da Reitoria para utilizar os fatos
suscitados em 3 de março para justificar uma possível ação repressiva
contra o Auditório e seus okupantes.
Solidariedade total com a Okupação do Auditório Che Guevara!
Autonomia, autogestão, ação direta para a liberação!
Liberdade a todos e todas!
Cruz Negra Anarquista México
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