domingo, 19 de junho de 2011

Squat käsaräo e Squat kurui'ra

Em 2008 foram okupadas 2 casas na cidade de Joinville/SC, segue abaixo o relato dxs okupas:




A partir do dia 15 de agosto, na cidade de Joinville – SC, iniciamos um processo de reconhecimento de algumas casas para eventualmente ocupá-las. Neste mesmo dia o companheiro C... foi agredido por “punks” Oi! Indo parar no hospital com uma fratura no maxilar, aumentando ainda mais a tensão.
Tínhamos em vista três casas, mas como éramos poucos (dois) teríamos que escolher somente uma. Escolhemos então a que já vinha sendo freqüentada por *noias há alguns meses, e pelo fato de estes não terem problemas com o proprietário. Outro motivo que nos levou a esta escolha foi que o acesso a parte interna da casa, já estava a disposição de quem nela quisesse entrar. A casa também estava em bom estado apesar de alguns vidros quebrados e uma parte do assoalho de madeira em um cômodo estar danificado. Ela já tinha um gato de água, mas não tinha energia elétrica. Nós chamávamos essa casa de Squat Käsaräo.
Inicialmente decidimos ficar separados dos *noias por termos princípios distintos destes e pelo fato de a casa ser gigantesca, tendo três pisos e inúmeros cômodos. No dia 23 de agosto iniciamos a limpeza do espaço e conserto do telhado na parte aos fundos da casa. Passados alguns dias, já com um número maior de pessoas, (mas inferior ao numero de *noias) resolvemos nos mudar para onde viviam estes, pois o espaço era bem maior. A partir daí a convivência com os *noias começou a saturar e inclusive começaram a nos roubar pertences e a levar coisas roubadas para a casa nos comprometendo.Então no dia 10 de setembro ocupamos outra casa, agora no centro da cidade. Essa casa tinha um histórico de forte violência policial, pois também era freqüentada por *noias, mas para piorar a situação, ela ficava no principal cartão postal da cidade, a Rua das Palmeiras.
Chegamos cedo, ás 6:00, e já haviam vários usuários de crack dentro e na frente da casa. Esperamos eles saírem para entrarmos na casa e começar a limpeza. A casa estava em bom estado, mas com muita, incrivelmente muita merda. Como estratégia amontoamos os sacos de lixo em frente à casa, e também fizemos dois canteiros de flores e uma horta. Como a casa não tinha água e luz, fizemos o gato desses.
Decidimos ficar nesta casa, mas continuamos freqüentando a outra como estratégia caso fossemos  desalojados. Não tivemos nenhum problema com vizinhos, e até fomos bem recebidos. Aos poucos o espaço começou a ser freqüentado por outras pessoas, a partir dai organizamos uma sala com materiais libertários.
Demos o nome ao Squat de kuru’ira, nome de um pássaro em tupi guarani, que freqüentava diariamente nossa cozinha atrás de comida.
A polícia esteve no espaço cinco vezes. Numa delas os Oi!s (inclusive um dos que agrediram o compa C...) a trouxeram com o argumento de que tínhamos perseguido-os. Esclarecida as coisas a policia foi embora sem nada de mais grave.
No dia 23 de setembro à tarde, fomos surpreendidos por um capataz do proprietário. Após muita discussão e nervos a flor da pele, ele nos deu um dia para sairmos da casa. Como não acatamos sua ordem no dia 24 ao inicio da tarde trouxe a PM Resistimos a todo custo, pois este não tinha em mãos a reintegração de posse, e nem a policia tinha a ordem de despejo. Passado algumas horas este voltou novamente com a policia especial de entorpecentes, e novamente sem reintegração de posse e ordem de despejo.Mas infelizmente desta vez não foi possível resistir, pois fomos ameaçados com armas a mostra, e de várias outras formas, a não voltar a casa. O cômico desse desalojo foi que o capataz dava ordens para que os policiais pregassem as entradas de acesso a casa.
Após o desalojo resolvemos voltar para o Käsaräo. Enquanto estivemos ausentes, a polícia fez várias batidas, muitas vezes espancando os noias. Apesar desses ocorridos decidimos resistir no espaço! Mas já no segundo dia a policia apareceu, jogando várias bombas, e sem chance de diálogo fomos desalojados. Passamos a tarde num ponto de ônibus em frente à casa e a noite voltamos novamente. As visitas policiais continuaram por vários dias e por fim os noias não resistiram à pressão.
Com total autonomia nas mãos reforçamos os acessos de entrada na casa, reorganizamos o espaço, entre outras atividades dia após dia incansavelmente. No dia 29 de setembro pela manhã numa investida policial cinematográfica fomos surpreendidos a base de bombas de efeito moral. A casa foi cercada, fomos espancados, humilhados e desalojados sem reintegração de posse ou mandado judicial e com a promessa de que se retornássemos a casa a coisa iria piorar.
Após este episódio fomos afetados psicologicamente. O cansaço era aparente em nossas expressões e conseqüentemente, alguns, desistiram da casa e de ocupar outros espaços. Nosso grupo enfraqueceu em vários sentidos e alguns resolveram voltar a suas cidades de origem.

Obs. Aqui é uma cidade de colonização alemã conservadora e tem como principio o trabalho. Sendo assim o que predomina são Ois (Rash, Street punk, White Power) Nazistas (idosos) e Black Nazis. Não temos uma cena @ punk, pois somente um indivíduo vive aqui, o que traz dificuldades em certos aspectos.

* Noias- dependente de drogas pesadas.



Por T...   e     C....

2 comentários:

  1. lembranças...lembranças...dias de chuva,comida do lixo,fios,telhas quebradas...bicicletas.saudades destes dias inesqueciveis!poucos individu@s q tocaram o terror nestas casas historicas.muita força aos q seguem atormentando o aparato represivo...ABRAÇO!MRT

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