quarta-feira, 25 de abril de 2012

terça-feira, 24 de abril de 2012

[ Espanha - ] Festa na okupa CSOA Casablanca.

okupación en el CSOA Casablanca

 

Se cada vez mais gente se anima em okupar, será por algo. O direito a propriedade privada, não é fruto do trabalho de cada um, mas sim  da esploração, expolios y robos de todo tipo da  clase capitalista que está por cima do resto dos direitos humanos.
Venha  celebrar conxsco para que a okupação siga viva e que cada dia que pasa seja uma ferramenta de luta mais válida e necesaria. Emperaremos a noite com uma rica cena e  teremos tres grupos tocando +  DJ’s.
Os direitos não se pedem, se conquistan e se ezersem
¡OKUPA TU TAMBÉM.

O CSOA Casablanca está na rua C/ Santa Isabel <m> Antón Martin.
 

[ Antenas - Grecia ] Atualização sobre a estudante imigrante detida no desalojo da casa okupada Valtetsiou.

Como informamos, em20 de abril, foi invadido pela força policial o  edificio okupado  número 60 da rua Valtetsiou, no bairro  de Exarchia (propiedade do “Instituto de SegurançaSocial” estatal, IKA). Durante a invasão tres pessoas foram detidas e retidas em uma delegacia  policia, comparesendo diante de um fiscal (acusadas de okupação ilegal) e em seguida foram  finalmente liberadas.Uma das tres pessoas, uma imigrante estudante  de 19 anos de idade, está detida em uma delegacia de Polícia para Extranjeiros na rua  Petrou Ralli desde então, porque não tem os papeis de visto.
Comunicado da casa okupa e desalojada da rua Valtetsiou
A manera ruidosa em que o Estado opitou  por atacar duas okupas de Exarchia, em 20 de abril de 2012,( o  espaço social okupado VOX e a  casa okupa da ruaValtetsiou ), e resaltar que deixou  também vítimas.
Com o pretexto de obstáculos burocráticos, um dos  tres detidos da  okupa Valtetsiou, chamada Anastasia Plamantiala, se emcontra detida no departamento de policía para extranjeiros sobre a  ameaça de extradicão apesar dela estar  vivendo muitos anos na Grecia, alem de estar realizando aquí seus estudos.
A solidaridade com Anastasia (Nansi) não pode ser so assunto de dois ou  tres de seus amigxs y conhecidxs. É  dever de coletivos e individuxs que estão comprometidxs, principalmente, com o movimento okupa.
Se naõ  liberarem  imediatamente a Anastasia, convocaremos açãoes específicas de apoio como respuesta.
Nós caimos para dentro do espaço okupado para defender nossos ideais,já que sabíamos andiantadamente da operação policial. Por tras do desalojo, defenderemos o direito da compa em ser  liberada e seguir vivendo na Grecia.
SOLIDARIEDADE COM TODAS AS OKUPAS.
OKUPA VALTETSIOU.

[ Antenas - Grecia ] Solidariedade a luta Revolucionaria.

Atenas: Por ocasião do adiamento do julgamento sobre a ocupação da estação de rádio comercial FLASH, em solidariedade com todos os processados no caso Luta Revolucionária


Enfrentando a sua guerra, não importando quão dura será, não seremos aterrorizados/as.
As perseguições levadas a cabo contra nós, apenas nos tornam mais determinados/as a alcançar os nossos objectivos, mais confiantes nas nossas opções.
 (A data do julgamento foi marcada para 24 de Outubro de 2012.)
No dia 10 de Janeiro companheiros do meio anarquista /anti-autoritário realizaram uma intervenção-ocupação da estação de rádio comercial Flash.gr.
A intervenção foi realizada pela Assembleia para o caso Luta Revolucionária, com a intenção de expressar solidariedade com os membros da Luta Revolucionária assim como com os companheiros que estão a aguardar julgamento pelo mesmo caso desde 5 de Outubro de 2011, no tribunal especial da prisão de mulheres de Koridallos, sob um regime de isolamento político compulsivo. A ação foi acordada ainda como tentativa de quebrar o muro de silêncio em torno do processo de julgamento e do discurso político dos réus no caso Luta Revolucionária. Este silenciamento visa tornar o caso Luta Revolucionária invisível à cena política e minar o apoio das bases sociais do grupo, a sua formação e a sua acção, assim como desqualificar socialmente a opção da luta armada, sendo por este motivo fundamental que o movimento de solidariedade neutralize esta intenção.
As detenções na estação de rádio Flash e os indiciamentos do ex-officio dos participantes na ocupação são claramente uma perseguição de pontos de vista políticos e, na realidade, penaliza a opinião política e a sua pública expressão. Trata-se de uma resposta ao aumento das acções de solidariedade e, nesse sentido, trata-se também de um prémio que nos oferecem na inovação da penalização da solidariedade em si própria. São processos políticos- pois consideram crime a expressão da solidariedade- em especial quando essa solidariedade é expressa aos lutadores que o Estado nomeou de “terroristas”.
Gostaríamos de agradecer ao Poder Judicial e felicitar pessoalmente a Sra. Eleni Raikou, a procuradora geral de Atenas, que ordenou a perseguição e que, obrigando os procuradores do ministério público,  dez minutos depois da sua ordem via o edifício ser cercado por todos os escalões das forças repressivas. Se tivessem mostrado as mesmas reflexões nos grandes escândalos da nossa história recente, como o suborno da Siemens, a venda de bens da propriedade do estado na Vatopedi, o mercado de ações “crise”, o telefone focando casos … uma lista que não tem fim. Também não podemos deixar de reconhecer o seu estofo científico já que superou a dificuldade em encontrar uma acusação contra nós, retirando do limbo do arsenal jurídico um artigo de lei aprovado há meio século. Sra. Raikou: devolvemos-lhe a acusação de “elogiar ações criminosas” e, na verdade, actualizá-la com a participação em organizações terroristas e  facilitação prolongada de crimes contra a sociedade. Em particular, o seu tipo de elogios ao FMI / Troika, ao governo, aos banqueiros, e assim por diante. Você participa na instituição que ironicamente tem o nome de Justiça, uma vez que não está relacionada com qualquer noção de justiça. Você serve o Capital e facilita com as suas leis a exploração, a degradação e, em muitos casos, a morte de trabalhadores, de desempregados, de jovens … Certifique-se de que nossa decisão é impedida: Você é considerada culpada sem circunstâncias atenuantes. Infelizmente para si, a nossa justiça não é cega e tem uma boa memória.
Atualmente o sistema capitalista enfrenta uma crise sistémica- o sistema não só perdeu qualquer legitimação anterior através do consenso da maioria da sociedade como também enfrenta a raiva e a indignação dos oprimidos- numa época de pobreza generalizada e empobrecimento, onde o fascismo do Capital e do Estado prevalecem, a repressão
A mobilização imediata do executivo e a ordem da procuradoria sugere a quem resiste – a quem defende o derrube total do sistema através da revolução social – que este é o único caminho para a superação do totalitarismo contemporâneo. O arsenal ideológico, jurídico e repressivo do Poder está claramente consolidado-Tolerância Zero. A mensagem com vista ao derrube do sistema e à revolução social é considerada perigosa por uma boa razão.
Enfrentando a sua guerra, não importando quão dura será, não seremos aterrorizados/as. As perseguições levadas a cabo contra nós apenas nos tornam mais determinados/as a alcançar os nossos objectivos, mais confiantes nas nossas opções.
A nossa resposta é a luta e a nossa arma é a solidariedade, que significa o quanto a força dos oprimidos destrói as fronteiras e os muros erguidos pelos governantes.
Intensificaremos a nossa combativa solidariedade com os companheiros processados no caso da Luta Revolucionária.
As pessoas detidas na ocupação da estação de rádio Flash
Nos dias que se seguiram à intervenção – ocupação – na Flash FM, um número significativo de comunicações e textos sobre o caso circularam por vários coletivos e grupos, nalguns casos houve uma re-transmissão parcial do original, que foi transmitido no dia 10 de Janeiro. Segue um resumo das ações de solidariedade, através da Grécia, com os ocupantes da estação de rádio Flash.
- No mesmo dia da intervenção em Flash Fm, 10 de janeiro, uma sessão de contra-informação e solidariedade com microfone aberto teve lugar em Tessalónica.
- No dia seguinte, 11 de Janeiro, uma faixa em solidariedade com os detidos foi deixada na cidade de Agrinio onde se podia ler: “Não à perseguição das pessoas em solidariedade na Flash FM, relativa ao caso da Luta Revolucionária. Imediata Libertação- Abaixo a Junta”.
- Na sexta-feira, 13 de Janeiro, uma intervenção na estação de rádio local “Prwini” também ocorreu em Kavala em solidariedade com os detidos na Flash fm.
- no mesmo dia, 13 de Janeiro, uma faixa foi colocada e folhetos foram distribuídos em solidariedade com os detidos na Praça central de Larissa. Na faixa lia-se:
” Perseguições a lutadores – Proibidos de falar. Junta está a mostrar-nos os dentes. Solidariedade com os detidos na Flash FM.”
- No sábado, 14 de Janeiro, uma concentração de solidariedade com microfone aberto teve lugar em Parartima, Patra, onde duas faixas foram colocadas e textos relacionados foram distribuídos. Nas duas faixas lia-se:
“Solidariedade aos detidos pela intervenção na Flash FM. Solidariedade é a nossa arma”
“Solidariedade não é terrorismo.Terrorismo é o Estado e o Poder”.
- No mesmo dia, o grupo anarquista Saltadoroi realizou uma coleta numa concentração de solidariedade com microfone aberto na Praça do Mercado “Agora” em Chania, Creta. Uma faixa com os dizeres “Não às perseguições aos ocupantes da Flash FM. O Estado é o único terrorista” foi colocada na praça central onde foram distribuídos textos relacionados.
- Na sexta-feira, 27 de Janeiro, uma concentração e uma coleta de solidariedade com microfone aberto foram realizadas pelo grupo anarquista Cumulonimbuse folhetos com informação relacionada foram distribuídos na ilha de Corfu.
- No sábado, 24 de Março, tendo em conta o 26 de Março, dia do julgamento que foi adiado pela segunda vez, o coletivo anarquista dos subúrbios, ao sul de Atenas, namous  também realizou uma concentração de solidariedade com coleta e microfone aberto, retransmitindo ainda parte do programa original enquanto diversos textos eram distribuídos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

[Atenas - Grécia] Invasão policial no Centro Social Okupado VOX, em Exarchia

 
No início de 2012, pessoas ligadas ao espaço anarquista / anti-autoritário okuparam o edifício VOX (propriedade do "Instituto da Segurança Social" estatal, IKA), na praça Exarchia, em um esforço para torná-lo um centro social aberto. "ΒΟΞ" era o nome de um cinema ao ar livre antigo no mesmo prédio na esquina com a rua Arachovis Themistocleous. O edifício dá casa a vários grupos. O objetivo do grupo é ampliar as lutas sócio-políticas sobre reivindicações coletivas, numa época em que a crise econômica e o sistema ameaça e ataca a maioria da sociedade, mas também busca a construção de redes de solidariedade e de comunicação entre as pessoas e outros grupos no bairro.

Em 20 de abril, apenas um dia antes da abertura ao público do novo projeto, as forças policiais invadiram em massa a área, especialmente a praça Exarchia às 6 da manhã (GMT +2), policiais e fiscais despejaram o edifício BOX (parece que não havia okupas dentro).

Houve relatos de que havia uma operação policial para outro prédio em Exarchia (rua Valtetsiou, 60), também de propriedade da IKA. Às 13:00 (GMT +2), a praça Exarchia e ruas próximas ainda estavam sob ocupação policial.

Três pessoas foram presas durante a desocupação do segundo edifício na rua Valtetsiou. O detido em uma delegacia de polícia, compareceu perante o Ministério Público (acusados de entrada ilegal) e dois deles foram liberados. A terceira pessoa, um imigrante indocumentado, está retida na Delegacia de Polícia de Estrangeiros na rua Petrou Ralli.

Enquanto isso, o centro social okupado VOX foi fechado. Às 13:49, o grupo VOX emitiu uma declaração sobre o ataque, chamando a atenção para a distorção mídiatica dos fatos, e declarou, entre outras coisas, que hoje, 20 de abril às 6 da manhã, muitas forças repressivas, juntamente com três procuradores, assumiu o controle de toda a área de Exarchia. Recentemente, o procurador do Supremo Tribunal Federal (Arios Pagos), determinou o despejo dos espaços públicos ocupados, mas esta é a primeira vez que a ordem é implementada com a estreita colaboração do Ministério Público e da bem conhecida fiscal Eleni Raikou. Sob o mandato do procurador, a administração da IKA apresentou uma queixa formal contra o centro social VOX, facilitando o padrão e os despejos.

Às 17:00, todo o bairro de Exarchia (incluindo o acesso à Escola Politécnica de Stournari Street) ainda estava isolado pela polícia, com carros de polícia e unidades de motocicleta, mesmo bloqueando o tráfego em algumas ruas, entre outros.

Ainda assim, foi anunciado que a reunião ordinária de solidariedade com a Organização Revolucionária Anarquista CCF terá lugar no pequeno teatro de Lofos Strefi, às 19:00 (em vez do edifício do Instituto Politécnico de Gini).

Infelizmente, o concerto de dois dias para xs combatentes encarceladxs (um festival punk FVM agendado para sexta-feira 20 e sábado 21 de abril), que foi agendada para acontecer no Instituto Politécnico de Atenas foram cancelados.

Além disso, o grupo VOX convocou uma reunião na Praça Exarchia no sábado, 21 de Abril, às 18:00 h, onde eles vão tentar realizar o show que eles tinham organizado.

Na tarde de sábado (cerca de 19:00) o edifício VOX foi reokupado com a ajuda de mais de 200 camaradas. À noite, foi o organizado pelo grupo VOX o concerto FVM que contou com a participação de cerca de 2000 pessoas. Por volta de 02:00, se desencadearam pequenos confrontos e os policiais dispararam grandes quantidades de gás lacrimogêneo em toda área.

Mais informações conforme forem chegando.

TIREM AS MÃOS DAS OKUPAÇÕES
A SOLIDARIEDADE É A NOSSA ARMA
 
Traduzido de http://es.contrainfo.espiv.net/
por t.

[ Porto - Portugal ] O espaço Es.col.A foi desalojado

 

Na manhã de 5ª feira, 19 de Abril, cerca das 10h, massivas forças policiais tomaram de assalto o Espaço Colectivo Autogestionado do Alto da Fontinha, no bairro do Alto da Fontinha, no Porto. A bófia, armada até aos dentes e encapuçados invadiram o pátio da antiga escola primária, enquanto vários agentes e mais de dez carrinhas da polícia e outros tantos carros da PSP cercavam o bairro.
Duas das pessoas solidárias foram detidas junto à Es.col.A, e outra mais tarde, para além dos ocupas que se encontravam no edifício que foram levados à força para o exterior, onde se encontrava já uma concentração solidária. Os/as manifestantes fizeram uma ação de desobediència civil, sentando-se no chão para impedir a passagem, mas a polícia atacou-os, facilitando a circulação dos seus veículos; entretanto, um cordão policial formou-se atrás bloqueando o bairro. Depois do desalojo, toda a infraestrutura do espaço foi destruída e emparedaram o edifício, tal como ordenaram as autoridades municipais.

 

Depois de uma assembleia improvisada os cerca de 150 solidários/as que estavam concentrados/as no Largo da Fontinha, dirigiram-se para a rua do Heroísmo onde se encontravam os 3 detidos, os quais foram finalmente transferidos para o posto da polícia da Bela Vista tendo-se previsto passar à disposição judicial nessa mesma tarde. A seguir os/as solidários/as dirigiram-se até à sede do município, que estava gradeado e guardado com um cordão policial, onde mais um manifestante foi detido depois de se ter encharcado em gasolina. Essa pessoa foi levada ao hospital para ser limpa tendo-a libertado a seguir.


Às 18h 30, em Lisboa, cerca de 300 pessoas reuniram-se no Rossio e marcharam em solidariedade com a Es.Col.A até ao Largo de Camões, para onde havia sido convocada uma concentração em repúdio do desalojo.
 
Para além da triste notícia do desalojo e das vomitivas imagens com os cães de uniforme a invadir o espaço Es.col.a a argumentação dos/as próprios/as ocupas causou-nos uma dupla amargura. As cartas da Es.col.A, datadas de 17 de Maio de 2011 e de 17 de Abril de 2012, refletem bem as ilusões cidadãs e democráticas dos participantes e do seu espírito de negociação com as autoridades. Nos seguintes extratos dessas cartas observa-se bem isso:

[17 de maio de 2011]]
“[...]Para conhecimento do senhor presidente da Câmara Municipal do Porto e demais portuenses aqui fica a exposição dos representantes da Es.Col.A.  na assembleia municipal.
Tendo em conta que a Constituição Portuguesa garante, através do Articulo 52º, a legitimidade da acção popular para assegurar a defesa dos bens do Estado;
Tendo em conta que no seu Artículo 85º, a Constituição Portuguesa preconiza que o Estado apoie as experiências de autogestão;
Tendo em conta que o direito da acção popular, nos casos e términos previstos na lei, é conferido a todos, pessoalmente ou através de associações de defesa dos interesses em causa, sobretudo para assegurar a defesa dos bens do Estado.
Tendo em conta que, na letra e no espírito da lei, o Estado deve apoiar as experiências viáveis de autogestão[...]“

[17 de abril de 2012]
“[...]A única relação formal entre a Câmara Municipal do Porto e a Es.Col.A.  foi um contrato- promessa (uma promessa de contrato), no qual nos comprometíamos a deixar o nosso carácter informal, transformando-nos em associação, no prazo limite de 30 días úteis e onde as autoridades se comprometiam a nos enviar, dentro dos 10 dias subsequentes, a proposta de contrato. A Es.Col.A. cumpriu a sua parte do acordo, dentro do tempo previsto, e fizemos saber à autarquia que a associação se tinha já constituído. A Câmara Municipal do Porto não cumpriu a sua parte[...]“
_
A emancipação social, a autogestão, a autonomia e a liberdade não se negociam, nem se constitucionalizam democraticamente. A lei do Estado foi, é e será sempre inimiga de todos estes valores. Deixamo-vos com um vídeo documental das lutas de rua pela defesa da okupa Mainzer Strasse no bairro de Friedrichshain, em Berlim, Novembro de 1990.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

[ Pelotas - R.S ] Grupo de Estudos Anárquicos.

 4º Fase: “Revolução? Rebelião? Insurreição?”

Neste domingo, dia 22, iniciamos a 4º etapa do Grupo de
Estudos Anárquicos.
Segue abaixo a programação completa:
22/04 – A Origem da Revolução – Pierre-Joseph Proudhon
29/04 – Revolução e Insurreição
06/05 – Ação Anarquista – Nicolas Walter
13/05 – Grupos de Afinidade – Murray Bookchin
20/05 – Revolução e Realidade Social – Alex Comfort
27/05 – Anarquismo e Violência – Piotr Kropotkin
03/06 – A violência do Mundo das Leis – Alexander Berkman
10/06 – A tentativa de um assassino – Alexander Berkman
17/06 – A Defesa de um terrorista – Emile Henry
24/06 – Desobediência Civil – Hnery David Thoreau
01/07 – Resistência ao Serviço Militar – Leon Tolstoi
08/07 – Sindicalismo, uma definição – George Woodcock
15/07 – Em defesa do sindicalismo – Pierre Monatte
22/07 – Sindicalismo: a crítica de um anarquista – Errico
Malatesta

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[ Campina.S.P ] 1º de Maio - Atividade na Okupa Timothy Leary



quarta-feira, 18 de abril de 2012

[Campinas-SP] Comunicado sobre o Squat Timothy Leary

Saudações libertárias, companheirxs! 


A Okupa Timothy Leary e seus/suas integrantes passaram por inúmeros problemas: internos, com grupos pára-militares fascistóides, com xs defensorxs legais da (des)ordem econômico-social pautada num dos pilares do Estado - o direito sagrado de propriedade.


Ficamos aproximadamente 3 meses sem realizar atividades abertas à comunidade. Embora esse período tenha sido marcado por conturbações, foi extremamente importante para repensarmos questões de organização, gestão, inserção...
Conseguimos nos reestruturar e voltamos com o gás que motiva ao redor do mundo xs squatters a okupar espaços inutilizados e transformá-los em centros político-culturais e habitacionais!


Continuaremos resistindo à especulação imobiliária e o processo de gentrificação encabeçados pelo Estado e pela iniciativa privada. Atake kotidiano à (des)ordem burguesa, suas normatizações sociais que perpassam a esfera da sexualidade, do trabalho, da educação...


Convocamos coletivos e indivíduos a participarem dos eventos e trazerem idias e proposições.


Dia 1° de maio exibiremos um documentário seguido de debate.


A Okupa Timothy Leary é um espaço autônomo, sem vínculos partidários ou com instituições estatais. Venham construir conosco!


Abraços Libertários a todxs!

segunda-feira, 16 de abril de 2012

[Lages - SC] Calendário de Abril do Squat Guamirim de Maio

[Ucrânia - Kiev] M31: protesto anticapitalista em Kiev

No sábado, 31 março , várias dezenas de manifestantes foram às ruas de Kiev para apoiar os chamados dias gama de ação contra o capitalismo. Muitxs estavam segurando bandeiras vermelhas e pretas e anarco-sindicalistas. Ao longo dos slogans  anti-capitalistas e anti-governo. Além disso, em um gesto simbólico de protesto, os ativistas ocuparam brevemente um prédio do governo.
 
Algumas palavras sobre o raciocínio da mobilização:
"Ao apoiar a luta dos nossos companheiros que vivem na União Europeia, estamos cientes das reformas neoliberais e da destruição da esfera social na Ucrânia. No entanto, percebemos que estes problemas não surgem apenas a mando de políticos locais, mas também extorquindo seus parceiros estrangeiros por causa de seu próprio sistema do capitalismo global. Integração na Europa e Eurásia significaria para nós cortes em nossos  direitos sociais e políticos e liberdades. Não são os oligarcas e os políticos que conseguem uma verdadeira unidade, tanto na Europa como no caso da Rússia, mas apenas pessoas comuns - em uma luta comum internacional contra o poder e capital. Por isso lutamos regularmente,firmemente contra qualquer forma de xenofobia e nacionalismo. "

sexta-feira, 6 de abril de 2012

[ Campina Grande.P,B] Relato: 1º Feira de Zines e Material Libertário

Relatos a respeito do Cine São José – Parte 1
1º FEIRA DE ZINES E MATERIAL LIBERTÁRIO

Como já foi citado em outro post  e é de conhecimento de quem vive em Campina Grande, o Cine São José foi um cine-teatro importante da cidade que encerrou suas atividades na década de 70, foi tombado como patrimônio histórico, ficou abandonado e em 2010 foi ocupado por estudantes e pelo movimento artístico-cultural campinense. Diversas atividades foram realizadas no espaço no ano em que aconteceu a ocupação, mas devido a vários fatores o espaço acabou ficando quase parado em 2011. Este ano as atividades foram retomadas e uma Feira de Zines e Material Libertário foi marcada para o mês de março.
A ocupação do Cine sempre foi um espaço aberto, sem burocracias e livre para qualquer atividade de contestação ou de fomento cultural. A ideia da feira de zines era algo que eu (V...), L..., A..., entre outr@s, vínhamos conversando há algum tempo e que acabou sendo deixada para um futuro devido a outros eventos que foram surgindo. No mês de fevereiro juntou-se a fome com a vontade de comer e o Heresia Coletiva decidiu movimentar o Cine com a feira. Não somente a feira, também decidimos produzir um zine e lançá-lo no dia, distribuir mudas, fazer grafitagem, oficina de stencil e pra haver um diálogo mais direto esquematizamos uma troca de ideias a respeito de ocupação urbana.
 Marcada a data para o dia 31, o último sábado do mês de março, começamos a retomada da movimentação da ocupação. O que nos deparamos no local foi o descaso dos próprios membros do movimento, que haviam utilizado o prédio pela última vez em dezembro do ano anterior e o deixado em estado deplorável. Pulemos esta página. O Cine São José estava vivo novamente. Reuniões, conversas, produções, faxinas, conversas com a vizinhança e as pessoas que passam pela rua sempre parando para perguntar do antigo cinema e demonstrando apoio à ocupação.

Eis que faltando uma semana para o evento somos surpreendidos com uma atitude extrema partindo dos escritórios estatais: Muros foram erguidos nas portas do Cine São José. É claro que um atentado à cultura, à memória da cidade não seria tolerado. No mesmo dia em que o muro fora construído também veio abaixo. No dia seguinte voltaram a levantar muros e fechar todas as entradas no prédio. A argumentação da SUPLAN (superintendência de planejamento) do Governo do Estado da Paraíba é que a medida provisória de fechamento do prédio aconteceu para que este não fosse invadido por marginais que realizam assaltos à vizinhança e que também não viesse a ser depredado. Pura falácia. Desde que fora ocupado não há movimentação de assaltantes ou usuários de drogas no prédio, como argumenta o estado.
foto: 22/03/2012 - Muro levantado pela Suplan
foto: Marginais destruindo o Cine ?
Muros derrubados novamente, é hora de re-habitar o espaço – agora com uma faxina muito maior a ser feita, depois de encherem de argamassa as portas do Cine São José. Correrias para organizar a feira e decisões a serem tomadas.
No dia 31, um sábado com o céu limpo e o calor nas ruas repletas de pessoas e fumaça, são abertas as portas da ocupação e vemos um belo fluxo humano no local. Apareceram pessoas que não participaram da organização diretamente, mas que vieram contribuir trazendo seus próprios zines, uma ótima surpresa. 

Pela manhã amigos vieram olhar as atividades no local, muitas pessoas paravam ao passar na calçada e se deparar com plantas na porta e pessoas dentro do cinema. As tintas vieram colorir as paredes desgastadas pelo tempo e surgiu a Vaca Falante (levada por A..., vulgo W...) trazendo pastéis de soja e suco de uva por um precinho camarada. O zine Heresia Coletiva foi lançado, passado para tod@s que vinham olhar as publicações, assim como um zine sobre ditadura da moda produzido por E... e zines feministas trazidos por A.... Várias mudas foram passadas para crescer em terras próximas ou distantes.
 A tarde houve mais visitas, produção de stencil e uma troca de ideias muito bacana a respeito de ocupação urbana e a própria situação do Cine São José. Um evento que conseguiu atingir seu objetivo: trazer vida para o prédio do Cine São José, passar publicações independentes a quem se interessar, cores cobrindo paredes marcadas pelo tempo, descontração, convivência, calor humano e ideias semeadas a respeito de como manter um espaço tão importante.
Pena que pessoas que sentem necessidade de marcar território quiseram deixar assinatura em um espaço que é meu, seu, de todos, e não há exclusividade para ninguém. Mas isso é apenas um detalhe. Seguimos em frente, passando por cima de todos os obstáculos que vierem a surgir.

Além das paredes coloridas, restaram apenas algumas poucas mudas ao fim do dia. Mas isso já é assunto para um outro post...
V...
mais fotos no flickr: http://www.flickr.com/photos/luankleber/

[ Varsovia - Polonia ] Video; Manifestação solidaria a okupa Elba.

[ Madri - Espanha ] A semana de luta pelo direito á vivencia já começou!


Liberado o espaço de convivencia.

ANÍMATE A OKUPAR

A Semana de luta pelo dereito á vivencia já comesou.!!.
Por que uma okupacão numa semana de luta pelo direito á vivencia?
Nós as  pessoas que participamos na organizaçao desta semana, inclui-mos a okupacaõ como uma das ferramentas  de luta pela vivencia. A okupacão nos permite proporcionar polos nossos,por nossos propios meios e é un lugar digno onde viver, ou um espaço onde se possa desenrolar projectos que partam desde pessoas organizadas ao contrario das institucãoes tradicionais.

Para que este espaço?
Por uma parte para que tenhamos un lugar onde nos juntar  e conspirar nesta Semana de luta. E por outra, para demostrar-mos ás pessoas que habitamos esta cidade e que podemos organizar-nos e questionar espaços para tudo o que necesitamos com nossas propias mãos. Deste jeito, criamos outras maneiras de entender a nosa cidade, as nosas relaçãoes sociais e, em definitiva, as nosas vidas.
Com a  abertura deste espaço, queremos compartilhar algumas preocupaçãoes que temos faz  algum tempo:
Que passou nesta sociedade para que existan pessoas sem casa e milhões vivendo em estrema pobreza  e nas mãoes de poucos?
Por que a sociedade permite que as leis e o mercado beneficiem a essas poucas e castiguen a outras mais?
Em que momento a propiedade privada pasou por cima do direito tão básico como o de poder vivir dignamente?
Consideramos que a propiedade de um imovel que se coloca abandonado á espera do momento oportuno para obter o máximo beneficio é un luxo. Em uma  sociedade na qual millões de pessoas vivem a vida no traballo para poder pagar desorbitantes preços a um  mercado inflado pela especulacão de ladrõess é um luxo.
A okupacão é  hoje em día uma experiencia real em muitos bairros da cidade. Somos centenas de  pessoas que temos decidido usar esta opção para intervir sobre os nosos problemas cotidianos..
Por todo isto, te anima  a okupar. Nestes tempos de muito traballo, não-vivencia, não-futuro, só nos resta confiar nas redes que foram se tecendo através do apoio mutuo e a auto-organizacão das pessoas que lutam pela vida día a día.
Com dignidade, rebeldía e alegría!!

OKUPA TU TAMBEM!

Traduzido por squat Korr-Cell do Espanlhou.

[ Pelotas.R.S ] Ciclo de Ofininas okupa 171.

[Finlandia - Helsinki] Manifestação de solidaridade com a okupa Elba, em Varsóvia

Em 22 de Março, na cidade de Helsinki, levou-se a cabo uma manifestação contra os negócios destrutivos da empresa Stora Enso, e em solidaridade com xs okupas na Polônia.
O ponto de encontro para a manifestação era a praça Senata, ás 15:00, e apareceram aproximadamente 60 manifestantes. Levantaram faixas, e enquanto as pessoas preparavam-se para começar a manifestação, entegaram panfletos que explicavam a situação atual da okupa Elba e os nogentos negocios de Stora Enso.
Ás 15:30 a manifestação começou o seu caminho para a sede da empresa Stora Enso. No começo, a polícia teve que conformar só com dirigir o tráfico em lugar de tentar controlar o movimento da manifestação.
Quando a gente chegou a seu destino, agentes de policía tentaram impedir que a manifestação pudesse chegar mais longe, bloqueando o caminho para a entrada principal. Xs manifestantes não pararam e supreenderam a policia rompendo o cordão policial em torno á entrada da empresa.
A gente estive berrando com raiva consignas contra Stora Enso e o pessoal que abandonava naqueles momentos o edificio (“Elba quédase!”, “que se foda Stora Enso” etc). A policía, pedindo reforzos, recebeu também a sua parte de berros pelxs manifestantes, que berraram “Non justiza!, non paz!, Fode á policía!”. Durante a marcha, enquanto estive na sede de Stora Enso, mais panfletos foram distribuidos, puxou-se música usando um equipamento de som portátil e algumas pessoas tocaram tambén vuvuzelas.
A manifestação permaneceu na entrada principal da sede durante um tempo. Despois, a mani voltou pelo mesmo caminho á inversa, rumo á estação de metro de Kaisaniemi,  onde a gente dispersou-se em diferentes direções. Apesar da crescente presença policial, não houvenenhum/a detidx e xs agentes não trataram de controlar mais a manifestação.
A pesar do feito de que a manifestação foi convocada só cunha breve nova, sorprendentemente muita gente acudiu e a atmósfera enchendo-se de raiba para Stora Enso. Algúns/has sentían que a manifestación era poderosa e enérgica, com a esperança de que este ato de solidaridade dará forças xs okupas de Elba.

Elba quédase!!, Stora Enso – Fódete!.

Hasta que todos os espazos sejan libres.

Helsinky Solidaridade Diabólica
Segue o panfleto entregue na manifestação:

Abonda de desaloxos!!

Manifestación contra os destructivos negocios de Stora Enso, e en solidaridade cxs okupas de Polonia.
O 16 de Marzo, pela tarde, xs trabalhadorxs da agencia de seguridade privada Skrzecz entraron ilegalmente em Elba, um centro social alternativo en Varsovia. A agencia de seguridade privada estava contratada pela propietaria do edificio, a empresa Stora Enso.
Uma vez dentro da casa, xs seguranças destruiram habitações e golpearon as pessoas enquanto que xs empurraban para o exterior. Representantes da empresa, xs agentes da policia não mostraram documentos para provar a legalidade do desalojo. A policía esteve apoiando ativamente a redada ilegal e não fez nada para deter as numerosas infrações da lei cometidas pelos seguranças. No final, a gente de Elba foi informada de que tinha uma semana de prazo para recoller as suas coisas e sair do edificio.
Temos visto como a viciosa empresa Stora Enso está presente nas suas ilegalidades no mundo. No Brasil, a companhía tem atuado contra o movimento Sem-Terra conduzindo a gente longe das suas zonas de residencia e reacionando violentamente quando tentavan recuperar a terra. Na China, terrenos foram expropiados por Stora Enso para transformar-los em plantações de eucaliptos. Xs agricultorxs e granxeirxs que se opunham á expropiação foram brutalmente golpeadxs, inclusive até a morte. A companhia, com a intenção de desalojar Elba, tentava expandir a chan europeo a sua repressão contra a ação anti-capitalista.  Neste caso o desalojo sem a decisão do tribunal é ilegal, e numa situação similar em Breslavia, en 1998, o tribunal europeo dos direitos humanos declarou que as ações da policía rompian os direitos humanos mais básicos e as liberdades fundamentais.
A okupa Elba é um importante espaço alternativo no mapa cultural de Varsovia. Tem organizado eventos independentes e sem ánimo de lucro como concertos, exhibicións, jogos, debates, projeções de vídeo e festivais, tudo sem nenhuma subvenção do Estado. A repressão contra os espaços liberados converteram-se num fenômeno mundial últimamente, apesar de que a necesidade de espaços autogestionados é muito grande. Por exemplo, uma lei que proíbe a okupação foi aprovada através dos Países Baixos e numerosos espaços livres foram desalojados ou atópanse baixo risco de desaloxo en Alemaña.
O movimento okupa tambén teve a sua ración de ameazas de desalojo em muitos outros países. Em Helsinki, o Centro Social Satama foi desalojado no ano pasado, quando todavía não se tinha localizado nenhum espaço para reemprazalo. Tambén en Londres, edificios okupados foram baleirados de cara ós jogos olímpicos deste verão.
Cremos que a luta contra o controle do espaço urbano e a defesa dos espaços liberados é uma luta contra as fronteiras. É por isso que convocamos uma manifestação para apoiar e amosar a nosa solidaridade xs okupas de Elba e a qualquer compa que se atopa baixo ameaza de desaloxo.

Ata que todos os espazos sexan libres!!
Solidaridade mais alá das fronteiras!!

terça-feira, 3 de abril de 2012

[ Pelotas.R.S ] Entrevista com os compas do squat 171.

“Surgiu de uma necessidade de ter um lugar para habitar, pensar e praticar o anarquismo”



[A seguir entrevista com o Coletivo Tranca Rua, da cidade de Pelotas (RS), que fala sobre o Squatt 171, de quando ele surgiu, suas atividades...]                                                                                                                                                                    Agência de Notícias Anarquistas > Vamos começar esta conversa com vocês fazendo uma apresentação breve da cidade de Pelotas para quem não a conhece. Pode ser?
Coletivo Tranca Rua < Pelotas é uma cidade com mais ou menos 350 mil habitantes, situada ao sul do Rio Grande do Sul, numa região de banhados, dentro do que chamamos Pampa Gaúcho. Por ser uma cidade universitária, muitas coisas giram em torno dos estudantes. O próprio mercado imobiliário tem crescido o olho para este crescente nicho de mercado. A cidade está prestes a completar 200 anos, e como habita aqui uma burguesia, meio falida, que sonha voltar aos tempo áureos dos casarões, do charque (só se fala nisso), dos cavalheiros distintos e seus chapéus, das senhoras bem educadas que desfilavam pelo centro pensando que estavam em algum lugar da Europa, estão programando uma grande festa para comemorar o grande júbilo da sociedade pelotense, talvez para esquecermos que todos esses casarões e fazendas de charque foram construídos com mão escrava, e embora mais da metade da população seja negra, quase não vemos negros na universidade nem morando no centro da cidade. E tem gente que nem acredita que existam tantos negros por aqui (há quem diga isso do Rio Grande do Sul).
Pelotas é uma cidade culturalmente fértil, com uma tradição cultural muito diferenciada que foi se perdendo com o tempo. Hoje tem uma galera que está revivendo esta história através da produção audiovisual, em documentários como “O Grande Tambor”, que foi produzido pelo Coletivo Catarse, e “O Liberdade” do Moviola Filmes.
O anarquismo também teve grande expressão por esses lados, principalmente nas primeiras décadas do século XX, período das grandes greves operárias e quando os sindicatos ainda não eram aparelhos do Estado. Nós estamos preparando um documentário sobre a história do anarquismo em Pelotas, que também é a nossa história. Em breve divulgaremos esse material pra galera saber um pouco mais sobre esse assunto.
       .                                                                                                                                                      ANA >Agora falem um pouquinho da história do Squatt 171, de como ele surgiu… Aliás, porque o nome “171”?
Coletivo Tranca Rua < O Squatt 171, espaço contracultural, “caverna” (como era chamada pela gurizada da rua, porque aqui não tinha luz elétrica), “casa encantada” ou sabe-se lá qual outro nome pode ter, surgiu de uma necessidade do Coletivo Tranca Rua de ter um lugar para habitar, pensar e praticar o anarquismo. Este lugar não poderia ser outro que não uma okupação por pensarmos que todas as propriedades devem servir àqueles que as são próprias: as pessoas… e por não querermos colaborar com a bosta do mercado imobiliário.
A primeira vez que a 171 foi okupada era o ano de 2005, o dia 4 de abril. Essa data marca também o início das atividades do coletivo, que na época não tinha esse nome (na verdade não tinha nome nenhum). Essa foi uma okupa relâmpago, porque a galera okupou num dia e foi desalojada no outro pela polícia junto com os donos do imóvel. Legalmente, esta casa pertence ao DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e na época eles estavam quase perdendo a casa para um cara que estava em um processo de usucapião.
Depois desse desalojo, o DCE colocou um cara pra morar nessa casa, mas ele foi embora logo depois e a casa ficou abandonada. E lá fomos nós. Okupamos a 171 pela segunda vez em meados de 2007, e no dia que entramos o tal cara apareceu (depois de um ano sem dar as caras por aqui) e nós fomos desalojados de novo… durante esse tempo o coletivo desenvolvia outras atividades…
O que se seguiu a este período foi uma série de okupações, onde umas duraram mais e outras menos, em algumas a gente saía pacificamente, em outras debaixo do cacete, como foi o caso do Squatt Tranca Rua (nome que ficou para o coletivo depois do desalojo), onde ficamos três meses. Essa okupa foi muito interessante para nós porque nos deu experiência para lidar com as questões que envolvem uma okupação urbana.
No período que se seguiu ao desalojo da Tranca Rua, outras pessoas somaram ao coletivo, que se transformou em um coletivo de intervenção e ação direta nas ruas… mas o negócio de não ter um espaço físico para morar, compartilhar e vivenciar a anarquia nos mantinha um tanto engessados. Foi aí que decidimos okupar a 171 pela terceira vez. Mas aí fizemos diferente… fomos conversar com o pessoal do DCE, mas eles não estavam nem um pouco interessados em usar a casa, nem em deixar alguém usar. Depois de muita lenga-lenga, nós perguntamos se eles chamariam a polícia se nós reokupássemos a casa. Como a resposta foi negativa (afinal, ficaria muito feio pra eles, que não usavam a casa pra nada, chamar a polícia para bater em quem queria fazer algo com o espaço) nós entramos e cá estamos. A okupa completou 2 anos no final de 2011. Ah! Alguns chamam de 171 por causa do número de endereço da casa, que é… 171.
  

ANA > Então a okupação serve como moradia e espaço cultural?
Coletivo Tranca Rua < Sim. Nossa proposta com este espaço é garantir um canto para a vivência libertária, obviamente, num sentido fraco, já que viver isso plenamente numa cidade é muito difícil, e divulgar as ideias e a cultura libertária. Basicamente, nossa intenção aqui é criar espaços que rasguem com a malha da ordem sistemática da sociedade e propiciem o florescimento da anarquia.
ANA > E quais as atividades regulares do espaço?
Coletivo Tranca Rua < Isso varia com o tempo. Têm o grupo de estudos anárquicos que funciona de forma semestral, nesse momento estamos no recesso dessa atividade, digamos assim. Nesse grupo nós fazemos leituras coletivas e discussões em cima de textos clássicos e contemporâneos anarquistas. Recentemente as meninas daqui criaram o grupo Desconstruindo Gênero, cuja proposta é discutir temas ligados ao corpo e autonomia da mulher, com oficinas práticas e discussões. Também acontece, meio desordenadamente, o cine debate, com projeções e conversas sobre temas variados e previamente noticiados, e nesse momento estão acontecendo os cursos de verão da 171, que constituem-se em uma série de oficinas voltadas para a comunidade em geral.
Além disso, produzimos um programa anarquista na Rádio Comunitária de Pelotas, chamado Subversão.
Fora essas atividades fixas, acontecem muitas outras espontâneas, sejam elas puxadas pelo Coletivo Tranca Rua, ou que a gente acaba se agregando, se apropriando ou simplesmente somando forças.

ANA >Todo tipo de gente frequenta a okupação?
Coletivo Tranca Rua < O pessoal que frequenta a 171 é bem variado, acho que com exceção dos fascistas e partidários fanáticos, tem de tudo.

ANA > E é um lugar culturalmente conhecido na cidade?
Coletivo Tranca Rua < Essa é uma questão complicada de responder. Acreditamos que em alguns setores da sociedade somos mais conhecidos que em outros. Entre os estudantes, movimentos sociais e o pessoal que mora nos bairros próximos somos bem conhecidos. As pessoas que participam das atividades que acontecem aqui, normalmente, ajudam a divulgar o que está rolando no espaço e é assim que mais ou menos funcionam as coisas por aqui.

ANA > A okupa completou 2 anos. Qual o salto qualitativo desde a sua criação?
Coletivo Tranca Rua < É gigantesco. Muita coisa melhorou desde que ocupamos a casa, tanto em estrutura física, quanto nas dinâmicas e relações dentro do espaço. Quando o ocupamos, era uma casa caindo aos pedaços, passamos quase um ano sem energia elétrica e com poucos recursos para a reforma da casa. Nessa época dormíamos em barracas dentro da casa. Quando chovia, não tinha como fazer nenhuma atividade (e aqui em Pelotas chove muito). O pátio era cheio de entulho e poucas pessoas colaboravam pra melhorar o espaço. Mas tocávamos as atividades na medida do possível. Com o tempo, fomos ficando conhecidos fora de Pelotas e mais pessoas que passavam pela cidade apareciam por aqui. Essas pessoas quase sempre contribuíam para elevar o nosso ânimo (claro que de vez em quando apareciam alguns que só atrasavam o andamento das coisas) e aos poucos tudo foi tomando forma. Hoje a nossa situação já é bem diferente, podemos conversar sem se preocupar que o telhado caia nas nossas cabeças.

ANA > A okupa já foi alvo de alguma agressão fascista?
Coletivo Tranca Rua < Não, esse tipo de situação já ocorreu nas ruas com algumas pessoas do coletivo, mas nunca atacaram a okupa. Eles não seriam tão loucos de aparecerem por aqui.

ANA > Vocês também editam um jornal, certo?
Coletivo Tranca Rua < Sim. O “Povo Livre” é um informativo aperiódico que editamos desde 2005, mas que tomou corpo somente em 2008, quando começamos a imprimir em intervalos menores de tempo. Hoje o “Povo Livre” já vai para a 15° edição, com artigos, notícias e coisas do gênero, que circundam o anarquismo.

ANA > Recentemente vocês organizaram a “I Feira do Livro Independente e Autônoma de Pelotas”. Qual o balanço que vocês fazem desta jornada?
Coletivo Tranca Rua < Foi a primeira feira do livro que organizamos. A nossa proposta era (e segue sendo) reunir alguns artistas independentes que se expressam através da música, do teatro, da dança, e, principalmente da literatura para construir um espaço onde pudéssemos compartilhar nossos trabalhos. Apesar dos contratempos, muita coisa rolou harmonicamente, tivemos a oportunidade de conhecer uns trabalhos independentes muito bons e estreitar alguns laços. Na 14° edição do “Povo Livre” colocamos um relato da FLIA com mais detalhes do que rolou no evento. A nossa ideia agora é organizar a segunda edição da feira para o início do mês de abril, quem quiser unir força na construção será muito bem-vindo.

ANA > Além das atividades de interesse cultural e políticas, na okupa há também iniciativas agroecológicas?
Coletivo Tranca Rua < De certa forma. Temos uma humilde horta em nosso quintal, onde plantamos algumas leguminosas, ervas e hortaliças para consumo próprio. Alguns de nós somos muito ligados a agroecologia e a permacultura, buscando formas alternativas de construção como o barro e o telhado vivo (que está em fase de construção). Tentamos, apesar de vivermos em um espaço urbano, colocar essas atividades em prática, em parceria com outros coletivos também.

ANA > Essa é a primeira experiência okupa em Pelotas ou tem notícias de outras?
Coletivo Tranca Rua < Que nós temos conhecimento, em 4 de abril de 2005 a primeira casa de cunho anarquista foi okupada nessa cidade, eram quatro compas que na época formavam o que é hoje o Tranca Rua. Provavelmente, muitas outras okupas rolaram por aqui para os mais variados fins, mas sobre isso não temos informação suficiente para falar. Algo que temos que ressaltar é a profunda influência que tivemos de okupas mais antigas, principalmente dos anarcopunks de Porto Alegre, cujo movimento em torno desta prática já perdura por alguns anos.

ANA > E como está atualmente o panorama de espaços okupados no Rio Grande do Sul?
Coletivo Tranca Rua < Talvez este nosso panorama deixe de fora muitas okupas ou iniciativas semelhantes que existam pelo Rio Grande do Sul, por falta de conhecimento ou de relações. O que podemos é falar um pouco sobre nossos compas okupas mais próximos. Provavelmente, a cidade de Porto Alegre seja a mais agitada no que se trata de okupações de cunho político e/ou anárquico. Podemos citar aqui o Bosque Ibirapijuca e a Comunidade Autônoma Utopia e Luta; A primeira é fruto de um movimento Squatter que já deve ter uns seis anos de atuação em Porto Alegre, e está nesse momento correndo sério risco de desalojo devido a reorganização do espaço urbano para receber a Copa do Mundo de 2014, e a segunda é uma comunidade autônoma que habita um edifício okupado no centro de Porto Alegre que serve de moradia e espaço social. Se não nos enganamos ela começou como uma demanda do Movimento de Luta Pela Moradia e, existindo há mais de cinco anos, transcende este propósito, sendo um lugar de resistência e formação política.
Ao mesmo tempo em que alguns espaços sofrem ou são ameaçados de desalojo, outros nascem por aqui. Como é o caso do Squatt Atazana de Rio Grande, que tem algumas semanas de existência, e pretende ser mais um espaço fértil para a cultura e ação libertária. E falando em Rio Grande, também podemos citar os terrenos okupados pelo Coletivo Catch a Fire no Cassino, cuja proposta é fomentar a prática agroecológica urbana e educacional.

ANA > E como vai a movida anarquista em Pelotas?
Coletivo Tranca Rua < Hoje, a movida anarquista em Pelotas é puxada pelo Coletivo Tranca Rua e indivíduos que fazem o anarquismo à sua forma, como por exemplo, nosso companheiro Jarbas Lazzari, produtor do programa de rádio “Samba e Liberdade”, um dos primeiros programas a abordar a temática anarquista em Pelotas.

Fonte: ANA - AGENCIA DE NOTICIAS ANARQUISTAS.


Mais infos: http://coletivotrancarua.noblogs.org/