sábado, 27 de agosto de 2011

OKUPAÇÕES E UMA NOVA ORGANIZAÇÃO FAMILIAR

As okupações de imóveis abandonados e transformados em moradias e Centros Sociais Okupados (CSO), é a construção prática de um novo estilo de vida alternativo, que entra em ruptura direta com o Capitalismo e seus fundamentos.
Dentro desta ruptura, por exemplo, está a recusa do mercado de trabalho formal pela cooperação e produção autogeridas, criando suas próprias atividades de subsistência (o que pra mim é bem mais eficaz do que a greve geral, proclamada pelo movimento dos trabalhadores tradicional). Também outro exemplo dessa ruptura está o abandono da noção de lar e da família nuclear tradicionais pela vida comunitária.
Dentro do Capitalismo, a família nuclear tradicional torna-se um pilar para a existência do Estado e do Capital. Primeiro porque o pai torna-se o chefe de família, pois geralmente é ele quem trabalha e sustenta a sua família, e as esposas e filhos lhe devem total obediência. Ensina-se, assim, nas crianças o respeito e a obediência à autoridade (do pai, do professor, do padre, do patrão, do policial, do Estado). Segundo porque o Capital familiar é mantido na forma de herança, mantendo assim a noção de propriedade privada. Também a educação patriarcal desenvolve nas crianças a noção de dominador ou dominado, ou seja, para ser patrão ou empregado.
Os jovens de hoje percebem claramente que para viver uma vida livre e lúdica terão que romper com os mecanismos autoritários de relacionamentos afetivos tradicionais do Sistema Capitalista. Para isso, a alternativa é marginalizar-se e criar novos tipos de vida comunitária em substituição à do lar e à da família nuclear tradicinais.
Na sociedade capitalista, muitas mulheres se submetem ao poder dos homens, pois dependem deles financeiramente para se sustentarem e sustentarem seus filhos. Assim, muitas mulheres têm medo de se separarem de seus maridos, pois se sentiriam desamparadas.
Entre aquelas mulheres corajosas, que não se submetem ao poder de seus maridos e pedem o divórcio, geralmente os filhos ficam com as mães. Essas mulheres têm suas vidas sufocadas pela dupla jornada de trabalho (de dia trabalham fora, de noite trabalham em casa, cuidando do lar e dos filhos), se afastam emocionalmente dos seus filhos, deixando-os nas mãos de parentes ou em creches (sob controle pedagógico do Estado), e elas não têm tempo para si mesmas.
Portanto, as okupações oferecem a vantagem da vida comunitária. Onde todos cuida de todos, os pais e as mães terão mais liberdade para atividades de sobrevivência, portanto, igualdade econômica para ambos os sexos. As mulheres não dependem tanto de seus companheiros, e assim não estão submetidas ao seu poder de macho. As mães podem livremente unir-se ou separar-se de seus companheiros, sem nenhum prejuízo para as crianças, pois a função de todos na comunidade é criar, sustentar e educar todas as crianças, dando liberdade máxima para as mulheres.
Sendo dever da comunidade cuidar das crianças, elas receberiam uma educação diversificada e descentralizada, estando libertas do poder absoluto dos pais. Também como as crianças estariam vivênciando na prática um espírito comunitário e cooperativo, elas rejeitariam a ideologia burguêsa com sua competitividade e egoísmo, e cresceriam aptos para viver em liberdade e igualdade com seus semelhantes.

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