A okupa Delta permanecerá
Não é para alugar
Espaços liberados e okupas são a solução.
O problema é o capitalismo.
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"Cada geração repete o formidável drama. O consolo e desencanto, condicionado a ser mazela do estupendo espetáculo. Multiforme, cuja regra - fatal derradeira - ofusca o íntimo combate aos tribunais superiores da propriedade privada."
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A BANDEIRA NEGRA TREMULA!!!
A apenas 90 km de São Paulo está localizada Campinas, cidade conhecida por abrigar umas das maiores universidades do país, a UNICAMP. Por alguns anos (entre 1990 e 2004), também foi o palco de uma famosa okupa anarquista, a Pomba-Negra. Após períodos de perseguição fascista nas ruas (poucos anos depois), crescimento do movimento de direita, amenizou-se e uma nova geração de anti-autoritários começou a crescer.
Neste caldeirão alguns de nós começamos a fazer estudos sobre os escritos libertários do futurista Timothy Leary, sobretudo quanto aos fins libertários e terapêuticos das experiências psicodélicas (um manual baseado no Livro Tibetano dos Mortos). Algo capaz de reconstruir egos, libertar as pessoas de suas prisões diárias e recrutar mais e mais camaradas pela liberdade.
Surgiu a necessidade de um espaço para lidar com essas experiências: Daí vem a okupa Timothy Leary, levando o nome desse cientista que tanto contribuiu para a liberdade. O nome deve servir de referência e ajudar a difundir seus estudos, que além de perseguidos foram esquecidos e deixados à marginalidade no movimento contra-cultural.
Depois que passou a ser planejada, e com referências em outras Okupas (agradecimentos a Lxs Gatxs de Córdoba (Argentina), La Máquina de Santiago (Chile), Boske Ipirapijuka de Porto Alegre (RS) e à Casa Aberta de São Paulo (SP), a maioria agora já desalojados ou em processo de desalojo), passamos a contar com futuras instalações para as mais diversas atividades: estúdio de música, sala de exibição de filmes, oficina de serigrafia, hortas de permacultura e culturas psicotrópicas (legais), à parte das instalações sustentáveis, composteira, banheiro seco, contenedor de água, chuveiro solar, etc.
As experiências psicodélicas acabaram como plano à parte e a casa já se prepara para atividades de exercícios Somaterapeuticos, aulas de capoeira e eventos culturais.
Antes que tudo pudesse ou possa acontecer, tivemos que enfrentar muitas dificuldades, (isso sem jamais perder o entusiasmo). Primeiramente a falta de contingente. Haviam poucos os que realmente queriam se envolver. Foi feita a divulgação, o nascimento de uma nova Zona Autônoma nos moldes de Hakim Bey havia sido anunciada, porém as pessoas, por comodismo, ou saturação de tarefas, não apareciam.
Um dos vizinhos não gostou da idéia de um espaço alternativo ao lado. Chamaram a polícia várias vezes (até que a mesma reclamou com eles sobre), inventaram falsos-compradores da casa, e jamais se abriram ao diálogo. Também muito provavelmente, quebraram um de nossos cadeados no período em que foi trocado pelo antigo, avisando-nos que a imobiliária quem o fez. Neste período em que a casa ficou destrancada, começou a ser utilizada como ponto de uso de drogas pesadas e de prostituição.
Apostamos inicialmente no pluralismo e na experiência como aprendizado, na educação-ação. Muitas pessoas distantes da proposta apareceram. Malabaristas, punks sem definições e estudantes curiosos. Começou-se a misturarem-se os desejos sobre o que fazer da casa e apareceram as duas palavras-chave: Squat Punk & Centro Cultural. Apesar de achar que as duas coisas poderiam coexistir, foi-se percebendo que o que se estava denominado como Squat-Punk não poderia ser duradouro nem construtivo, mas um fim em si mesmo, e as atividades programadas para o espaço estariam comprometidas. A primeira opção foi abortada, pois percebeu-se uma distorção sobre o que significava o punk para aqueles que o estavam reivindicando, mesmo que ainda estejamos aberto a punks (como há anarco-punks moradores) ou qualquer que seja e esteja de bom grado pela proposta libertária da casa. No espaço, foi definido e avisado logo na entrada (baseado nas regras definidas em Christiania): Proibido: drogas pesadas e álcool, gangues, intolerância, roubos, armas, violência.
Assim ficou excluído praticamente todos os problemas que tínhamos até então, formalmente. Antes de perceber o quanto éramos unidos, vários convidados da casa tentaram virar a mesa e usar da casa para fins egoístas. Sem querer unir-se e aprender um modo de vida alternativo, pouco a pouco tivemos que filtrar quem continuaria na casa, saindo primeiro os okupantes dos fundos, usuários de crack, depois malabaristas sem propostas libertárias, que não respeitavam os moradores da casa, e finalmente okupantes que eram intolerantes uns aos outros embasados em preconceitos e de forma agressiva.
Apaziguada, a casa permanece de pé e os okupantes seguem com os projetos propostos. Há moradores e visitantes esporádicos. Estamos unidos e contando com o apoio de todos que quiserem contribuir. Também os que queiram vir e aprender conosco, conhecer o espaço são muito bem-vindos, com base nas regras ditas anteriormente. Dia após dia, o organismo das pessoas envolvidas é que evolui, e faz valer a pena esse processo de surgimento e desaparecimento das zonas autônomas.
Solidariedade à todas as okupas que estão em processo de desalojo em todo o mundo! Nossos sonhos não se desalojam!
Okupa e Resiste!
Okupa Timothy Leary
Contato: okupaleary@riseup.net
Na primeira semana deste mês completamos três meses de okupação, durante esse tempo praticamos várias das atividades que tínhamos em mente, na proposta de levar nossas perspectivas de vidas e trocar nossas vivências com outros que estão além das margens físicas do espaço. Dentro disso desenvolvemos o primeiro grupo de estudos anarquistas, onde passamos pelos teóricos anarquistas clássicos. Desse grupo de estudos surgiu a idéia de outro grupo, intitulado Tulipa Negra, voltado às movidas e idéias anarco feministas, assunto que muito nos interessa.
Além das trocas teóricas também construímos junto com outros indivíduos o primeiro ato contra a homofobia, na tentativa de afrontar a falsa moral religiosa e conservadora dos habitantes desta pequena cidade de coronéis chamada Lages. Em uma caminhada divertida e politizada, fechamos uma rua por alguns minutos aos gritos de androgenia, amor livre e liberdade sexual causando espanto e desconforto as mentes que ali passavam. Seguimos gritando e pulando por todo o calçadão da cidade até chegarmos à frente do templo de pedra cristão, a catedral, e lá aproveitamos o busto de Getúlio Vargas, um dos ídolos dos conservadores locais, para a nossa intervenção, algumas fotos já foram divulgadas no blog.
Sempre com a proposta de causar alguma reflexão e na tentativa de transformar as próprias relações sociais, seguimos nas nossas atividades. Outra destas foi a intervenção que fizemos no parque com as crianças, fizemos o legítimo pinta a cara na rua e jogamos malabares numa troca completamente tranqüila com as crianças, mantendo a idéia de estabelecer um contato direto e verdadeiro com esses pequenos seres pensantes cheios de vida que fizeram aquele sábado ser inesquecível para nós.
Junto com essas atividades nos propomos também a organizar semanalmente um jantar intitulado resto di fera pra reunir pessoas para algumas discussões cotidianas acompanhada de uma rangacera vegana, regada de espontaneidade. Também mantivemos o cine Carmela, uma mostra de filme voltados aos ideais anarquistas/libertários nos quais acreditamos, essa atividade já vinha acontecendo mesmo antes de okuparmos o espaço e decidimos continuar movendo por esse meio, essa é a atividade onde rola o maior numero de pessoas para assistir e debater sobre os filmes. A atividade mais recente que realizamos aconteceu na ultima sexta feira, uma intervenção teatral que foi construída a partir de uma troca de idéias sem compromissos e que nos trouxe uma vivacidade estonteante, a idéia foi construir algo partindo dos próprios elementos da casa, e com a clareza de que não somos atores e nem buscamos ser, apenas queríamos botar pra fora aquilo que sentimos diariamente ali dentro daquele espaço constantemente em transformação.
Buenas, ai ficou então um breve relato das atividades que aconteceram e acontecem na Guamirim de Maio. Relembrar tudo que vem acontecendo aqui nos dá uma imensa ânsia de continuar nessa luta contra os padrões burgueses. Porém nessa ultima segunda feira aquilo que temíamos desde os primeiros instantes que estávamos na casa ocorreu e veio à tona a ameaça de desalojo.
Sentimos a ameaça dos burgueses num cotidiano que passou a ser de neurose y estratégias de resistência. Nos sentimos, cada individuo a sua maneira, vigiados e inseguros, pois não sabemos quando virá o desalojo.
Nosso squat pertencia aos mesmos donos de um hotel que fica no outro lado da rua. Esse hotel está abandonado também ha muitos anos y sem cumprir sua função social. Segundo os donos servirá a uma empresa de Otacílio Costa chamada passaúra.
Não sabemos até que ponto esse contrato existe ou é uma forma que encontraram para nos amedrontar y desalojar da okupa. Aí consiste nossa resistência. Insistiremos y moveremos as atividades anarkopunx até o último dia, ao passo que procuramos outro espaço abandonado pela elite para uma nova okupação.
Se nos expulsam, nos prendem, nos atacam... é porque nos temem y portanto continuaremos contra-atakando esse estado y burguesia fascista y transformando as estruturas da anti-vida em espaços liberados construindo a anarquia.
Resiste guamirim, flor do asfalto, bosque, torem... comp@s presos no Chile, Grécia... OKUPAYATAKAOKUPAYPREOCUPA@PUNX